Como conceito criado pelo humano, o tempo representa a finitude da vida: só quem tem consciência do efêmero, tem tempo, pois não pode haver presente sem haver passado ou projeção futura. E nossas verdades intocadas que foram erigidas a dogmas? Contudo, para o ensino, a noção de tempo é imprescindível. Como já se manifestou Savater, o ensino-aprendizagem está intrinsecamente ligado à questão do tempo como transmissão socialmente necessária de uma memória coletivamente elaborada, não havendo aprendizagem que não implique em consciência temporal e que não responda a ela, seja uma consciência cíclica, linear, transcendente, imanente. O tempo também confere aos educadores a qualificação mais necessária, já que é necessário ter vivido antes – vivido em termos de conhecimento que se quer transmitir.
Por hora, vou deixar esse ponto para uma postagem futura, pois o que pretendo abordar, sem mais “voltas”, é a questão da linguagem como construção da realidade. Pois, bem, a que realidade me refiro? Cultura do controle! Vamos brincar de “o que é, o que é”. Qual uma possível semelhança entre sistema penal e educacional? Sim! Cultura do controle. Obviamente que existem visões distintas para ambos os lados. Assim como no âmbito criminal temos paradigmas de lei e ordem e abolicionista (citando apenas contrapontos), também temos, na educação, diferentes visões.
Se nosso sistema prisional tem como função verdadeira a ressocialização do criminalizado, deve ter havido primeiramente uma suposta socialização e, posteriormente, um desvio e des-(continuidade) dela. Processos educacionais vistos, então, como processos de controle social: socializar o educando para a sociedade; transforma os humanos em atores de um jogo onde há um contínuo embate entre as peças ideologia hegemônica x alienação. Transforma-os, então, em seres passivos, para os quais há o alienar da ação, ou seja, seres sem ação, sem capacidade de reflexão e autoreflexão, mas repletos de verdades inquestionáveis. Finalmente, quando há uma falha da socialização e o comportamento se torna desviante, opera-se o a cultura do controle penal, já não mais voluntário, mas coercitivo.
Aceitar, não sem questionar, nossas mais profundas “verdades” e aquelas que nos foram impostas como tais, mas apenas em determinado espaço de consenso, para que se busque a criação de espaços de respeito e convivência entre a humanidade. Por mais que se busque falar em ética, ao se conceber a verdade como apropriação de uma realidade gera-se uma detenção de seu monopólio, criando-se espaços de negação do outro, gerando uma ausência total da ética, que só vive em espaços de aceitação e respeito.
Por: Leilane Grubba
Postagem: Prof. Ruben Rockenbach
Bem, hoje há certo consenso de que a linguagem forma o mundo. No início, mas também no fim, será sempre o verbo. Como não existe um mundo lá fora (realidade "r") que possa ser comparado com a linguagem para dizer o que é verdade verdadeira ou não (e se houver ele não pode ser apreendido a não ser linguisticamente), o que nos resta (isso aprendi lendo Rorty)é a justificação social do uso de cada crença (justificação e solidariedade, dizia o mestre). Nesse sentido, nossa luta não é pela descoberta da verdade em si, mas da convivência entre verdades que sejam eticamente justificáveis... Que coisa difícil de imaginar!
ResponderExcluirLeilane, pelas suas leituras você está aprendendo muito e muito bem. Só não sei como você sobreviverá a essas novas verdades. Eu despenquei durante anos, me desespero até hoje, virei um metafísico sem razões últimas... um desterrado da epistemologia, um perdido de pai e mãe... Mas esse é o caminho do intelectual: brincar com fogo e viver ardendo em brasa. Boa sorte e cuide-se.
Muito bom.
ResponderExcluirProf. Carolina Lobo Sá