domingo, 30 de maio de 2010

Saber escalar o time


Brasil, o país do futebol! Mas também o país em que se coloca dinheiro na cueca, onde milhares de pessoas passam fome, sem casa, sem emprego, sem vida. Somente com a bendita existência... (e uma tonelada de dívidas!)!
Futebol, segundo Rogério Silvério de Farias, é um “esporte insano jogado por uns tipos semelhantes a escravos e gladiadores, apreciado por hordas de fanáticos ensandecidos e organizado por maltas de espertalhões”. (escravos bem pagos, hordas bem bêbadas e malta de máfias). Já o dicionário limita- se a dizer que o futebol é um “desporto em que 22 jogadores, divididos em dois campos, se esforçam por introduzir uma bola na baliza do campo adversário, sem intervenção das mãos, durante uma partida dividida em dois meios tempos, durante 45 minutos cada um.” (se esse mesmo lexcógrafo definisse "relação sexual", ninguém mais teria tesão!). Talvez seja verdade o que diz o dicionário, mas talvez ele também tenha sido feito por espertalhões. Vai saber...!
O que interessa é que estamos em ano de Copa do Mundo, e acho, sim, muito importante que todos nós estejamos juntos nessa, torcendo pelo Brasil, apesar do Dunga estar fazendo campanha contra o uso daquela da forma menos pura da cocaína, sabe? (De fato, ele é contra o crack, mas a quantidade de "droga" que ele desembarcou na África o iguala aos feitos do Pablo Escobar!)  
Mas esse ano tem outra coisa importante também... AS ELEIÇÕES! É legal reunir a “galera” para torcer junto pelo Brasil, mas isso aliena o povo! Eu vejo mil pessoas falando que estão indignadas pelas escolhas que Dunga fez, mas muito poucas falam sobre as eleições. (Eleição não muda a vida da gente, só o futebol!).
Alguém se importa com elas? Alguém sabe quem são os candidatos? (Deviam fazer um álbum das eleições, as fotos da maior parte dos "jogadores" poderia ser conseguida nas diversas varas criminais espalhadas pelo país!) 
Torcer para o Dunga fazer a escolha certa é importante (apesar de inútil). Torcer para o Brasil ganhar a Copa do Mundo é patriotismo. Mas torcer para o Brasil se tornar um país melhor e fazer algo para colaborar com isso – votando de forma consciente, por exemplo – é importante e patriota, além de não ter preço! (mas que vão te oferecer uns presentinhos, ah, isso vão!).

Escrito pela Paulini Scardua Sabbagh
Estragado pelo Sandro (nos comentários em laranja!)

7 comentários:

  1. Sensacional o text prima...Amei, continue assim, você vai longe! Sinto muito orgulho de ti. Beijos!

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  2. Adorei o texto...muito bom,parabéns!

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  3. se o povo pensasse política com a metade da seriedade que dedicam ao futbol, seríamos os melhores do mundo: em civilização!

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  4. Esses dias, passando por um bar com uma televisãozinha ligada em futebol e alguns homens ao seu redor, percebi como se unem com o fim de comemorar uma possível vitória, após uma longa concorrência. Vitória que não é deles, mas fazem como se fossem: perderam dinheiro na cerva, tempo com a família e consigo próprios. Apenas elevaram sua pseudo-estima. Ilusão.

    E, na copa, isso se estende às mulheres, que se unem aos homens (depois de acirradas discussões sobre o fato de eles curtirem futebol em detrimento delas - que dizem não entender o hobby) e, juntos e felizes, torcem para a vitória de um símbolo vazio, formado por um time cuja importância se dá, apenas, pelo modo com quem faz o jogo. Claro, não são questionados seu caráter, nem sua integridade, nem sua atitudes ou opiniões. O que importa é o jogo - dane-se o que o time é na vida particular.

    Depois da copa, voltam as brincadeiras machistas sobre futebol acompanhados de loiras quentes e loiras geladas, que são servidas pela mulher rabugenta porque teve que buscar a bebida na geladeira, como se não tivesse autonomia de dizer "não", chutar o balde (de gelo) e largar o mandrião.

    E, com essa consciência, vão às urnas felizes com a pseudovitória ou tristes com o fracasso nos campos. Apesar disso, continuam esperançosos: "daqui a quatro anos, a copa será nossa".

    Enquanto isso, daqui a sempre, o governo sempre será dos outros.

    E, ainda, esperam que, com esse tempo, o time se prepare, que seja reformulado, que um ídolo novo surja.

    E esperam que, depois desse tempo, haja uma reviravolta no governo, como num passe de mágica, e que os aparentes governantes tenham piedade de nós e administrem com vistas ao nosso bem comum.

    Como gostam de ilusão.

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  5. Arrasou Grazi! E muito obrigada pelos comentário Sandrinho, que não estragaram nem um pouquinho o texto, muito pelo contrário!

    Beijoos

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  6. Temos que lembrar que o escapismo é uma característica das mais intrínsecas em qualquer aglomeramento populacional. Vez que necessariamente convivemos em sociedade, eventualmente estaremos sujeitos a pressões e conflitos, tanto internos quanto externos. Desse modo se faz valer, sim, a vontade de "fugirmos da realidade" - e não adianta dizermos que isso não nos alcança, pois, sim, também, cada um de nós tem suaa "vávula de escape".

    Creio que a problemática não é obrigatoriamente a necessidade de escapar; mas a visão ignorante e viciosa de que podemos nos manter afastados de nossa realidade, sobretudo a política. Não devemos, então, acreditarmos em um ideal romântico de fuga, pois se há algo de mais concreto e pacífico nos dizeres de qualquer estudioso político - o que eu não sou - é o fato de que não existe pessoa "apolítica" - em última instância, sempre devemos lembrar que somos representados por quem escolhemos...

    O fato de termos uma população tão ferrenha quanto ao acompanhamento da Copa, por exemplo, nos remete à Política de Pão e Circo. Como acontecera em Roma, essa política foi implantada para desviar o foco da população de seus reais problemas. No Brasil isso não é tão diferente - vide exemplo no que acontecera na década de 70 do sécula passado, com os dizeres de "Para frente Brasil, salve a seleção", nossa população foi "forçada" a desviar suas atenções da Ditadura em que vivia.

    Logo, devemos sim motivar a modificação de uma sociedade em que o Poder Judiciário - ao menos no meu Estado, Espírito Santo - literalmente troca o seu horário de funcionamento em virtude da Copa; mas não podemos culpar de todo a população por preferir assistir a um jogo a ser tratado como bicho na fila do INSS - onde uma pessoa que sofre problemas PSICOLÓGICOS perde seu "benefício" porque um ORTOPEDISTA assim decidiu.

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