segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Não podia algemar o suspeito"



Rapaz que fugiu no Jacarezinho não tinha arma ou drogas e não pôde ser algemado, contou policial a amigos. "Seria erro atirar"
09/05/2010 16:09
Os policiais militares que deixaram escapar de dentro do carro um suspeito que levavam à delegacia, quinta-feira, no Jacarezinho, desabafaram a amigos que não podiam algemar o rapaz porque ele não estava preso e não havia nada concreto contra ele.
O jovem estava sendo levado a uma delegacia para os PMs verificarem se havia algum mandado de prisão pendente contra ele quando fugiu.
“Não existe algemar o cara se ele não estava armado nem tinha drogas. A gente não podia fazer nada diferente”, disse o soldado a amigos.
A cena foi filmada e fotografada por jornalistas que acompanhavam a operação da Polícia Civil no local.
Foto: AE
Homem foge de policiais no Rio
O cabo e o soldado contaram a interlocutores ter sido contatados por rádio para ir a uma das entradas da favela do Jacarezinho, onde haveria homens armados. Ao chegarem, o rapaz se assustou, levantando suspeita e foi abordado.
Pediram-lhe documentos e perguntaram se morava no local. Ele disse ser morador de rua e não ter nenhum documento, mas vestia roupas limpas e novas, tinha as unhas “feitas” e havia mais roupas limpas na mochila, o que deixou os policiais desconfiados.
A revista ao rapaz e à mochila não constatou nem arma nem drogas, mas ainda assim os PMs pediram que ele os acompanhasse até uma delegacia, para verificar possível mandado de prisão. O jovem concordou, sem se opor ou resistir. Como não havia nada efetivamente contra ele, não poderia ser algemado, segundo o soldado.
O carro policial tem as travas de crianças acionadas, impedindo a abertura por dentro. Assim que os dois PMs se sentaram no carro, porém, o rapaz se aproveitou da distração deles, baixou o vidro e abriu a porta pela maçaneta externa. Atravessou a rua correndo, e entrou na favela, por um beco. O soldado saiu do carro, pistola na mão, ensaiou uma corrida, mas, com o suspeito muito à frente, parou.
Foto: AE
Suspeito aproveita distração da polícia e escapa
“Se eu tivesse disparado contra ele, teria cometido um erro, porque poria outras pessoas em risco, e responderia por isso. Se entrasse no beco, a bandidagem ia largar o aço em mim”, comentou com amigos.
Os dois policiais ficaram detidos em prisão administrativa depois que o caso foi divulgado e disseram a interlocutores estar “arrasados” com a repercussão do episódio, que os tornou motivo de chacota.

Comentário: meu caro policial, erros acontecem. Ser levado até à delegacia para ver se há um mandado contra você, já é meio chato (concordemos), fugir não é crime. Eu fugiria. Ele fugiu. E foi isso.
Afora isso, você fez tudo certinho: não algemou porque não era o caso, não atirou porque em tais circusntâncias portou-se como policial e não como bandido. Os outros que fizeram de você motivo de chacota não são alfabetizados na lei que juram defender. É isso mesmo, meu rapaz, pior é se você tivesse atirado, matado e, por essa barbaridade se tornasse o ídolo de bestas sanguinárias. Você está detido? Lamento. Muito mesmo. Mandarei inclusive um e-mail ao seu comandante dizendo que em matéria de compreensão de lei ele não é, digamos, um grande exemplo.  Continue agindo assim: é preciso muito heroísmo para, no meio de lobos, continuar dando mais valor à lei do que a arma. Podem lhe acusar de ingenuidade, mas não podem lhe acusar de um crime, nem de ser um sujeito que não honrou sua farda. Parabéns.
Prof. Sandro Sell

2 comentários:

  1. Eeeeê, Brasilzão... Fala sério!

    Se o policial tivesse metido chumbo no cidadão, seria tratado como heroi?

    A essa altura, ele nem deve saber de que lado da lei está.

    Renata T.

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  2. O que dá nojo é ver a mídia apresentar a matéria em tom de ironia, culpando o policial e minizando o mesmo.
    Realmente, professor... Parabéns!

    Abraço

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