Rapaz que fugiu no Jacarezinho não tinha arma ou drogas e não pôde ser algemado, contou policial a amigos. "Seria erro atirar"
09/05/2010 16:09
Os policiais militares que deixaram escapar de dentro do carro um suspeito que levavam à delegacia, quinta-feira, no Jacarezinho, desabafaram a amigos que não podiam algemar o rapaz porque ele não estava preso e não havia nada concreto contra ele.
O jovem estava sendo levado a uma delegacia para os PMs verificarem se havia algum mandado de prisão pendente contra ele quando fugiu.
“Não existe algemar o cara se ele não estava armado nem tinha drogas. A gente não podia fazer nada diferente”, disse o soldado a amigos.
A cena foi filmada e fotografada por jornalistas que acompanhavam a operação da Polícia Civil no local.
Foto: AE
Homem foge de policiais no Rio
O cabo e o soldado contaram a interlocutores ter sido contatados por rádio para ir a uma das entradas da favela do Jacarezinho, onde haveria homens armados. Ao chegarem, o rapaz se assustou, levantando suspeita e foi abordado.
Pediram-lhe documentos e perguntaram se morava no local. Ele disse ser morador de rua e não ter nenhum documento, mas vestia roupas limpas e novas, tinha as unhas “feitas” e havia mais roupas limpas na mochila, o que deixou os policiais desconfiados.
A revista ao rapaz e à mochila não constatou nem arma nem drogas, mas ainda assim os PMs pediram que ele os acompanhasse até uma delegacia, para verificar possível mandado de prisão. O jovem concordou, sem se opor ou resistir. Como não havia nada efetivamente contra ele, não poderia ser algemado, segundo o soldado.
O carro policial tem as travas de crianças acionadas, impedindo a abertura por dentro. Assim que os dois PMs se sentaram no carro, porém, o rapaz se aproveitou da distração deles, baixou o vidro e abriu a porta pela maçaneta externa. Atravessou a rua correndo, e entrou na favela, por um beco. O soldado saiu do carro, pistola na mão, ensaiou uma corrida, mas, com o suspeito muito à frente, parou.
Foto: AE
Suspeito aproveita distração da polícia e escapa
“Se eu tivesse disparado contra ele, teria cometido um erro, porque poria outras pessoas em risco, e responderia por isso. Se entrasse no beco, a bandidagem ia largar o aço em mim”, comentou com amigos.
Os dois policiais ficaram detidos em prisão administrativa depois que o caso foi divulgado e disseram a interlocutores estar “arrasados” com a repercussão do episódio, que os tornou motivo de chacota.
Comentário: meu caro policial, erros acontecem. Ser levado até à delegacia para ver se há um mandado contra você, já é meio chato (concordemos), fugir não é crime. Eu fugiria. Ele fugiu. E foi isso.
Afora isso, você fez tudo certinho: não algemou porque não era o caso, não atirou porque em tais circusntâncias portou-se como policial e não como bandido. Os outros que fizeram de você motivo de chacota não são alfabetizados na lei que juram defender. É isso mesmo, meu rapaz, pior é se você tivesse atirado, matado e, por essa barbaridade se tornasse o ídolo de bestas sanguinárias. Você está detido? Lamento. Muito mesmo. Mandarei inclusive um e-mail ao seu comandante dizendo que em matéria de compreensão de lei ele não é, digamos, um grande exemplo. Continue agindo assim: é preciso muito heroísmo para, no meio de lobos, continuar dando mais valor à lei do que a arma. Podem lhe acusar de ingenuidade, mas não podem lhe acusar de um crime, nem de ser um sujeito que não honrou sua farda. Parabéns.
Prof. Sandro Sell
Eeeeê, Brasilzão... Fala sério!
ResponderExcluirSe o policial tivesse metido chumbo no cidadão, seria tratado como heroi?
A essa altura, ele nem deve saber de que lado da lei está.
Renata T.
O que dá nojo é ver a mídia apresentar a matéria em tom de ironia, culpando o policial e minizando o mesmo.
ResponderExcluirRealmente, professor... Parabéns!
Abraço