quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mas allá de Maradona

Jorge Luis Borges, o portenho imortal. 


Não és os Outros
                   Não há-de te salvar o que deixaram
Escrito aqueles que o teu medo implora;
             Não és os outros e encontras-te agora
No meio do labirinto que tramaram
                 Teus passos.
        Não te salva a agonia
De Jesus ou de Sócrates ou o forte
                                    Siddharta de ouro que aceitou a morte
Naquele jardim, ao declinar o dia.
               Também é pó cada palavra escrita
Por tua mão ou o verbo pronunciado
                        Pela boca. Não há pena no Fado
E a noite de Deus é infinita
                  Tua matéria é o tempo, o incessante
Tempo.      E és cada solitário instante.

Jorge Luis Borges, in "A Moeda de Ferro"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
A foto é de Paola Agosti
Sandro Sell

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