Quando Deus perguntou a Adão (por mero espírito formalista, já que era Onisciente) por que sua cria havia transgredido a primeira norma que se tem notícia, - ao menos na mitologia judaico-cristã (“Não comerás da árvore da ciência do bem e do mal”), o imputado nudista respondeu: “A mulher que tu me deste como companheira me deu da árvore e eu comi.”
Com isso Adão queria: a) beneficiar-se da delação premiada; b) que o Criador descesse ao pólo passivo da demanda, como responsável pelo vício oculto da coisa dada (Eva).
O jurista alemão Gunther Jakobs sustenta que Adão tinha o direito a interpelar o Excelso Juiz, no sentido “b” acima, pois Deus é que doara Eva, e:
a) O que uma pessoa responsável sugere ou entrega, vem com a presunção de ser algo confiável;
b) Ainda mais no que se refere a não violar as normas que o próprio Doador estabeleceu;
c) Ainda mais o Doador sendo Deus!
Mas, como é sabido, o Criador não apenas rechaçou a tese da defesa, como puniu cruelmente os réus e ainda considerou a Serpente partícipe, e lhe deu uma pena mais do que rasteira.
Datíssima vênia, Deus se comportou no caso como o juiz substituto do anedotário forense: não só não se dispôs a ouvir outras possíveis interpretações, como na sua certeza de principiante (era a primeira vez que Deus julgava um caso), escarmentou tanto a pena que até hoje ela se replica em cada novo nascimento: mais uma alminha originalmente pecadora!
Que inferno!
É por isso que tem mesmo que haver o tal do duplo grau de jurisdição. Se me fosse permitido opinar em tão elevada questão, sustentaria que Deus não poderia jamais participar de julgamentos em primeira e última instância: teria que ser Órgão de revisão final, isso sim. Alguns dirão: “Mas pode-se apelar para a Mãe Dele”! Então Deus é brasileiro mesmo: se não há mais saída nas regras públicas, apele-se para os laços personalistas e familiares das autoridades? Era o que faltava, passar, de novo, em termos históricos, de Requerente a Suplicante!
Se for assim, passo a acreditar na opinião oposicionista e treveira sobre o superfaturamento original: com os recursos gastos na construção da Terra daria para fazer pelo menos três Jupiteres. Ao que eu acrescentaria:
E uma mulher mais confiável!
Sandro Sell
kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirDoidiho!
Kamilla
Só pode ser trauma, professor!
ResponderExcluirLuana Pontes
Professor!!! Nem a Eva escapa? Basta ser mulher pra ser CULPADA! A Chapéuzinho já foi condenada por todos os crimes ocorridos na jursidição da floresta... A Branca de Neve (uma promíscua) também não foi poupada de acusações infames... Professor, querido!!! ainda bem que você não é Juiz. Estou com medo de você!!! No próximo semestre vou me matricular usando um codinome masculino, só pra me proteger de pré-julgamentos! Ah! E postei esse comentário anômino, só pra garantir... hahahahahahahahahahhahahahahahahahah
ResponderExcluirMuito Boa!!!!!!!
ResponderExcluirashusahuhuashuas
bjs
Muriel
Não sei se seria o caso de uma mulher mais confiável, considerando que ela supostamente teve boa fé ao crer na serpente e foi toda bobinha contar a novidade para o homem, querendo que ele tivesse o mesmo conhecimento ofertado a ela. Acho que ela era confiável suficiente - até mesmo porque poderia ter escondido a descoberta do homem (o que seria, sim, motivo para desconfiança).
ResponderExcluirEu acrescentaria um homem e uma mulher mais espertos para não deixarem se enganar, isso sim.
:D
É um ponto de vista. Nessa metáfora a mulher parece representar o presente capcioso do Criador.Bem entendido, a mulher é o espírito transgressivo às ordens e motivador de outras possibilidades. O homem era um acomodado fruidor; a mulher um ser inrequieto (em termos freudianos: o homem,um obssessivo-compulsivo, e a mulher uma histérica). E, como Freud já pensava, as histéricas movem o mundo, porque sua insatisfação pede saciedade e no seu movimento, o mundo todo se move junto. Sem as Evas, não teríamos nos arriscado, e até hoje não saberíamos o prazer de transgredir.
ResponderExcluirMto bom! Cada vez mais me convenço de q gosto mesmo é dos ingênuos homens rsrsrs
ResponderExcluirRenata T.
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