segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Liberte a vida: deseje um mundo melhor!

A modernidade veio acompanhada de inúmeras características e consequências à sociedade mundial. O aprisionamento de nossas vidas ao tempo, ao desejo e ao consumo é um dos traços mais marcantes da nossa era (atualmente não há mais distinção entre o tempo de trabalho, o lazer e o descanso). Estamos sempre produzindo, inclusive na hora de sonhar e desejar! A capacidade de criação e produção dos seres humanos é o recurso mais perseguido pelo atual processo de globalização. O tempo é cada vez mais rápido e está mais longe de nossas mãos, o que, de fato, impede um conhecimento adequado das questões e a tomada de ações conscientes. O mercado antes de produzir o produto cria o consumidor e estabelece suas pautas de ação. Nós somos o produto e a propaganda do mercado! Ao mesmo tempo somos promotores do produto e produto que promove. Vendedores ambulantes (a marca vale mais que o produto!). Temos a incumbência de cuidar do marketing e ser mercadoria. Nossa vida está aprisionada pelas facetas vitais da modernidade. Vivemos em uma grade de ferro! Por isto urge retomar o curso do tempo, liberando a vida dessa prisão imposta e livrando-nos do desejo de consumir o produto que somos. A vida não é um simples objeto, é um predicado. A vida é o que passa, o que atravessa, o que muda, o que transita entre nós. A vida não pode ser definida pelo que ela é, mas sim pelo que pode ser. É potência. Devemos colocar o desejo em seu devido lugar: desejando um mundo melhor, um mundo possível, uma outra história que nos permita quebrar as correntes colocadas por este novo processo de controle social. Saber desejar. É fundamental recordar que não desejamos as coisas porque são boas, mas, ao contrário, as coisas são boas porque desejamos. É hora de mudar o ritmo do tempo, do desejo e do consumo. Tudo está por fazer e por ser reinventado. Nós, hoje e sempre (lições do “maestro” Joaquín Herrera Flores).

Texto e Postagem: Prof. Ruben Manente
Ver em: http://www.idhid.org.br/index.php?menu=item&id=39

Um comentário:

  1. A mais valia vale. Mas vale pouco. Não vale nada.
    Mas o mercado é (auto)regulado. Na verdade, (auto)regulada é a sociedade. Regulada virtualmente por um ser invisível. Uma mão. Uma mão invisível não da economia de mercado, mas da sociedade de mercado.
    Contudo, essa invisibilidade é natural, é estrutural, pois 4/5 da população mundial é invisível. Na verdade, não são invisíveis, são invisibilizadas. São vítimas apagadas. São vítimas da miséria de uma sociedade estrutural. São o entorno, são o outro. Sempre estrangeiros dentro da própria casa, no ventre da própria mãe. São vítimas abafadas e sem voz de uma violência cíclica, de um mercado (auto)regulado por uma mão invisível que os relega à estrangeiria.
    O estrangeiro é sempre o outro, o indesejável. São aqueles que estão ao lado, mas não se vê. São os que habitam os morros, a periferia, os suburbios, os banlieues. Mas a sociedade já cumpriu seu papel. Já os colonizou e imperializou. Concedeu-lhes até direitos, direitos humanos. Não obstante não serem humanos, são estrangeiros. São aqueles que morrem de fome, de sede e de doenças evitáveis e já extintas. São aqueles que só fazem alimentar a criminalidade urbana. Mas todos têm direitos, porque, em que pese ter perdido condição de humanos, nasceram humanos. Todos têm direitos, até mesmo positivados, mesmo sem saber que os têm, mesmo antes de poder exercê-los, mesmo antes de lutar por sua idéia de dignidade. São o entorno. São estrangeiros.

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