sábado, 27 de fevereiro de 2010

Espaços negados: mulheres e espaços públicos

O machismo impera e impregna ainda em nossa sociedade! Sim, o fenômeno existe, ocorre que em datas comemorativas vinculadas às mulheres o machismo (ou patriarcalismo) fica mais evidente. Há uma nítida tentativa das forças hegemônicas em manter e conservar uma divisão entre o social e sexual que acaba colocando as mulheres em uma posição marginada e desigual em respeito ao acesso dos bens (materiais e imateriais) mínimos para uma vida digna. A sociedade machista constantemente nega espaços (públicos e sociais) as mulheres, se esforçando ao máximo para deixá-las no âmbito doméstico (espaço privado). Vejamos dois casos simples e comuns que vivenciamos diariamente. (1) A publicidade em geral anuncia: “faça sua mãe feliz! oferta do dia das mães! batedeira, ferro, jogo de panelas, liquidificador, tudo com desconto especial!” (a associação entre mãe/mulher com serviços domésticos é uma afirmação de que o lugar da mulher é no âmbito privado – dentro de casa!); (2) A esmagadora maioria das palavras que se referem a coletivos são usadas no masculino (exemplos: TODOS têm direito a educação; os MORADORES da comunidade estiveram presentes na festa; os CIDADÃOS compareceram na votação). Será que são apenas palavras? Estamos tratando de coisas irreais? É uma discussão teórica e abstrata? Por certo que não! Não podemos esquecer que nossas palavras influem na realidade e por isso as conseqüências da linguagem são reais. Sim! Ora, como explicar que as mulheres representam mais da metade da população do Brasil (e do mundo) e apesar de elas estudarem mais que os homens, ainda têm menos chances de emprego, recebem menos do que homens trabalhando nas mesmas funções e ocupam os piores postos. Ainda estamos falando apenas de palavras, coisas irreais ou abstratas? A propósito, quantas vereadoras existem na câmara municipal de sua cidade? Quantas mulheres já foram prefeitas (ou concorreram à prefeitura) ? Quantas mulheres secretárias têm na administração municipal da cidade? Lembre-se: as mulheres são mais da metade da população! O que devemos fazer então? Bem, entre outras atitudes e medidas, inicialmente é necessário perceber que existe um sistema de dominação machista que coloca as mulheres em situação de subordinação no acesso a determinados bens (emprego, salário, cargos, participação social) e que isso acaba negando espaços (públicos e sociais) as mulheres. Depois, devemos atuar política, cultural e socialmente para reverter este processo de exclusão, pois é a prática (ação e reflexão) que implica a ação dos seres humanos sobre o mundo para transformá-lo.

Por: Prof. Ruben Rockenbach
Postagem: Prof. Ruben Rockenbach
Link: http://www.idhid.org.br/index.php?menu=item&id=40

3 comentários:

  1. Quando me posicionei para comentar esse post, recebi um artigo da revista Época sobre tema que se vincula a este: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI123458-15230,00-PELOFOBIA.html

    Enquanto as mulheres não se posicionarem como seres realmente independentes, nada vai mudar.
    É nítido o desejo da maioria das mulheres a se transformar ou viver em função do que os homens pensam. As mais sexistas utilizam como parâmetro a atuação dos homens para conquistar seu espaço.
    E os homens não são parâmetros: expressam, somente, uma outra forma de viver.
    A mulher que ache a sua e liberte-se, finalmente!

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  2. Afinal, como escrito no artigo sobre feminismo e paz (meus agradecimentos ao Ruben): nem guerra que nos destrua, nem paz que nos oprima.

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